Política G1 - Política

Votação das saidinhas mostra que base do governo é de pouco mais de 100 deputados; ministros do Centrão não garantiram votos

Há dois pontos importantes que explicam a derrota: pautas relacionadas a costumes e a falência da construção de base governista.

Por André Miranda

29/05/2024 às 11:06:22 - Atualizado há
Foto: Poder360
Há dois pontos importantes que explicam a derrota: pautas relacionadas a costumes e a falência da construção de base governista. Na Câmara, 314 deputados votaram pela derrubada e 126 pela manutenção do veto. As derrotas do governo no Congresso na noite desta terça-feira (28), durante a votação da saidinha dos presos, mostraram algo que tem sido importante para os petistas: a base raiz de Lula (PT) não passa de 100 deputados.

O governo, mesmo sabendo que ia perder, tentou articular na reta final uma demonstração para seu público – a própria esquerda – que havia uma preocupação com o tema. Porém, mesmo assim, 314 deputados votaram pela derrubada e 126, pela manutenção do veto.

Além disso, há dois pontos importantes que explicam a derrota da saidinha: pautas relacionadas a costumes e a falência da construção de base governista.

No primeiro aspecto, não há saída para o governo conseguir reverter uma votação, quando o cenário é desfavorável, pois o Congresso é repleto de conservadores e Lula não tem ferramentas que o faça ganhar em um embate com os deputados.

No segundo ponto, a base governista é calcada na distribuição das emendas e da concessão de cargos nos ministérios. No entanto, essa ideia não funciona mais. A avaliação é que hoje o foco está virado para os presidentes dos partidos, que muitas vezes têm o fundo partidário e o fundo eleitoral na mão – ainda mais em ano de eleição.

Tanto que, na terça-feira, nem mesmo a entrada dos ministros do Centrão em campo conseguiu votos para o governo.

Há ainda as emendas parlamentares, que durante o governo Bolsonaro, deram poder ao Congresso. Lula tem feito uma queda de braço para tentar reaver parte desse poder. Na terça, foi possível ver uma vitória, quando o Congresso manteve os vetos de Lula na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 que previam um calendário para pagamento de emendas parlamentares.

Mas ainda, sim, é uma relação que está sensível, complexa e frágil, que pode a qualquer momento abrir uma nova crise.

Esses pontos tornam a vida do governo muito mais difícil e colocam em xeque todo modelo de construção do presidencialismo de coalizão visto nos últimos anos.
Comunicar erro

Comentários Comunicar erro

O Jornal

© 2024 Copyrigth 2024 - O JORNAL, todos os direitos reservados.
Avenida 9 nº 625 - Sala 8 - Centro - Rio Claro - SP

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

O Jornal